distrito federal, vinte e cinco de dezembro de dois mil e vinte um
coloquei a trilha sonora de her pra tocar e enchi a taça de vinho rosé. aquele chileno. tenho escrito pouco e gostaria de escrever mais. chove todos os dias aqui. é bonito ver a cidade molhada. da minha janela consigo ver o jardim burle marx. há uma fonte tão bonita. lembro como é bom sentir as gotículas de água no meu meu rosto de olhos fechados. é uma sensação tão boa que me faz ser grata por estar viva. eu acho que a vida pode ser maravilhosa, sabe? descobri isso esses dias. depois daquela noite em que quase me matei por não conseguir sair do abismo em que me encontrava. descobri logo no outro dia, bem cedinho. como é bom viver. começo a rir, porque mesmo no absurdo tem graça existir. minha professora de escrita sempre diz. tem coisa que só sai da gente por escrito. e essa tem sido uma das minhas maiores verdades.
hoje é dia vinte e cinco de dezembro. dizem que jesus cristo nasceu nesse dia. eu não sei bem. escrevi para uma amiga. acho que ela precisa saber que viver é bom. que eu estou aqui por ela. que hoje é aniversário de jesus, mas também é o aniversário dela e eu estou brindando especialmente a existência dela nesse mundo. eu estou feliz, sabe? conheci um moço legal essa semana. me fez companhia no natal. rimos daquele episódio de natal do chaves. ganhei aquele livro do desassossego do fernando pessoa. meu único presente. nosso primeiro abraço. tem tanta gente incrível nesse mundo. prestei atenção no jeito que ele diz. imaginei a voz. o cheiro. o toque.
queria voltar a acreditar em papai noel, você não? em fadas. em esperança. achei essa foto da zélia gattai olhando o jorge amado, não te dá vontade de amar assim? de acreditar? eu digo que o amor às vezes nos surpreende de formas inusitadas. tenho tantos amigos que são mais chegados que irmãos. queria tanto que todas as pessoas da terra tivessem a mesma sorte que eu. me sinto amada, sabe? amparada. queria que você também se sentisse assim. sente o vento, ele vem do sul.
